RELEVOS
Poeta Londrino)*
 
ECOS DOS RELEVOS
Maria Nogueira Martinelli
Sapeka
 
 
És tu, poeta, um erro essencial,
o acidente malfadado do acaso
na alegoria de um pecado original,
um subproduto involuntário do descaso.
 
Se existo não é por acaso
Vivo e morro desse mal
Se é origem, produto ou fracasso
Não se explica todo esse espectral.
 
Vela o vazio atávico em teus nervos
o teu sono irrequieto pelo penhor da miséria,
longa passarela de enganos e estercos
a fertilizar as tuas ignóbeis lérias.
 
Se embalo de lérias o sono profano
Com fantasmas a velar o sonho ateu
é por não deixar que a dor e desengano
se habituem na insônia desse breu.
 
Pactuas com a morte, poeta nefasto,
a provisão da vida em teu repasto,
teu veneno decantado em alimento.
 
Se da vida a certeza é a morte
Se a morte é na vida só um corte
Me lambuzo no banquete do viver.
 
Concede ao menos ao passar do vento
o espargir da tua imagem de degredo
na quietude intangível dos relevos.
 
É no verbo que decanto dor atroz
deixo o vento espalhar a minha voz
abafando todo eco nos relevos.
 

Imagem: http://www.digitalblasphemy.com/dbgallery/1/neuron1024.shtml

Mid: Cantos Gregorianos - Fundamentum

 

 

 

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